Neste estudo de série de casos realizado por Montgomery e colaboradores,
descreve 23 pacientes com evidência clínica de miocardite após
vacinação com mRNA COVID-19 e atendendo à definição de caso do CDC para
provável miocardite.
Oito pacientes apresentaram achados de ressonância magnética compatíveis com miocardite.
Todos
os pacientes nesta série refletem semelhanças substanciais nas
características demográficas, dose aproximada da vacina, intervalo de
início e caráter da miocardite associada à vacina.
O padrão
consistente de apresentação clínica, recuperação rápida e ausência de
evidências de outras causas suportam o diagnóstico de miocardite de
hipersensibilidade.
Sem biópsia miocárdica, a histologia não
pode ser definida, mas o curso clínico sugere miocardite de
hipersensibilidade eosinofílica conforme descrito no contexto de outras
miocardites associadas a medicamentos e vacinas.
Apresentação
após a segunda dose da vacina ou, em 3 pacientes, quando a vacinação foi
seguida infecção por SARS-CoV-2, sugere que a exposição prévia foi
relevante na resposta de hipersensibilidade.
Importância: A miocardite foi relatada com COVID-19, mas não é claramente reconhecida como um possível evento adverso após a vacinação contra COVID-19.
Objetivo: Descrever a miocardite apresentada após a vacinação para COVID-19 no Sistema de Saúde Militar.
Desenho, cenário e participantes: Esta série de casos retrospectiva estudou pacientes do Sistema de Saúde Militar dos EUA que sofreram miocardite após a vacinação com COVID-19 entre janeiro e abril de 2021. Pacientes que procuraram atendimento para dor no peito após a vacinação com COVID-19 e foram posteriormente diagnosticados com quadro clínico miocardite foram incluídos.
Exposição: Recebimento de uma vacina de RNA mensageiro (mRNA) COVID-19 entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2021.
Principais resultados e medidas: Diagnóstico clínico de miocardite após vacinação contra COVID-19 na ausência de outras causas identificadas.
Resultados: Um total de 23 pacientes do sexo masculino (22 atualmente servindo nas forças armadas e 1 aposentado; idade mediana [intervalo], 25 [20-51] anos) apresentou início agudo de dor torácica acentuada dentro de 4 dias após o recebimento de um mRNA COVID- 19 vacina. Todos os militares eram previamente saudáveis e com alto nível de condicionamento físico. Sete receberam a vacina BNT162b2-mRNA e 16 receberam a vacina mRNA-1273. Um total de 20 pacientes teve início dos sintomas após a segunda dose de uma série de 2 doses adequadamente espaçadas. Todos os pacientes tinham níveis de troponina cardíaca significativamente elevados. Entre 8 pacientes que realizaram ressonância magnética cardíaca na fase aguda da doença, todos apresentaram achados compatíveis com o diagnóstico clínico de miocardite. Testes adicionais não identificaram outras etiologias para miocardite, incluindo COVID-19 aguda e outras infecções, lesão isquêmica ou condições autoimunes subjacentes. Todos os pacientes receberam cuidados de suporte breves e estavam recuperados ou se recuperando no momento deste relatório. Os militares administraram mais de 2,8 milhões de doses da vacina mRNA COVID-19 neste período. Embora o número observado de casos de miocardite tenha sido pequeno, o número foi maior do que o esperado entre os militares do sexo masculino após uma segunda dose de vacina.
Conclusões e Relevância: Nesta série de casos, a miocardite ocorreu em pacientes militares previamente saudáveis com apresentações clínicas semelhantes após o recebimento de uma vacina de mRNA COVID-19. É necessária uma vigilância e avaliação adicionais deste evento adverso após a imunização. O potencial para eventos adversos raros relacionados à vacina deve ser considerado no contexto do risco bem estabelecido de morbidade, incluindo lesão cardíaca, após a infecção por COVID-19.
(Montgomery J, Ryan M, Engler R, Hoffman D, McClenathan B, Collins L, Loran D, Hrncir D, Herring K, Platzer M, Adams N, Sanou A, Cooper LT Jr. Myocarditis Following Immunization With mRNA COVID-19 Vaccines in Members of the US Military. JAMA Cardiol. 2021 Oct 1;6(10):1202-1206.)
Acesse o artigo ´pelo link:
https://jamanetwork.com/journals/jamacardiology/fullarticle/2781601
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